sexta-feira, 6 de abril de 2012

Você sabe o que são Alimentos Hidropônicos?

A palavra hidroponia vem do grego dos radicais gregos hydro = água e ponos = trabalho. Apesar de ser uma técnica relativamente muito antiga, o termo hidroponia só foi utilizado pela primeira vez pelo Dr. W. F. Gerke, em 1930.

Com tantas opções existentes nos mercados, fica fácil do consumidor se confundir na hora das compras. As prateleiras recheadas de nomenclaturas como: alimento hidropônico, natural, processado, orgânico, entre outros, fazem com que o consumidor fique na dúvida e até faça uma escolha errada.  Vamos entender com mais detalhe o que são os alimentos hidropônicos.
A hidroponia é uma técnica que está sendo utilizada comercialmente há poucos anos no Brasil. Os hidropônicos são alimentos produzidos em estufas (ambiente protegido), onde não há o uso do solo, e sim o uso de adubos químicos de fácil solubilidade em água. As verduras são cultivadas dentro de tubos plásticos perfurados ou em recipientes com substrato e nutridas com a solução de água e adubos químicos. As raízes absorvem os nutrientes diretamente da solução que circula dentro dos tubos ou colocada no meio de cultivo do recipiente utilizado. As plantas hidropônicas, por serem cultivadas fora do solo, tornam-se mais suscetíveis ao ataque de doenças, que muitas vezes surgem de maneira não controlável, obrigando o produtor a usar agrotóxicos na tentativa de salvar sua produção. Diferentemente do que acontece com os alimentos orgânicos, que são produzidos com o uso do solo equilibrado química, física e biologicamente, com boas condições para que a planta desenvolva bem e produza alimento sadio e sem resíduos tóxicos (EMBRAPA).
Na hidroponia, o alimento fica protegido de geadas, chuvas intensas, granizo e ventos fortes, com ganho na produtividade e qualidade, fatores que contribuem para o fornecimento constante aos pontos de venda. Contudo, é necessário acompanhamento técnico espe­cializado, para que se tenha uma solução nutritiva balanceada que forneça nutrição adequada às plantas e evite, dentre outros problemas, o acúmulo excessivo de nitrato. Além disso, esse sistema exige um investimento inicial maior e gasto com energia elétrica (FAVARO et al., 2007) .
O nitrato é indispensável ao crescimento de vegetais e por isso os fertilizantes nitrogenados têm sido usados em doses cada vez maiores para aumentar a produção. Além de ser originado do fertilizante, o nitrato presente nos vegetais pode ser formado no substrato, pela mineralização ou nitrificação (FAVARO et al., 2007).


Quando o nitrato é absorvido em grande quantidade, a planta não consegue metabolizá-lo totalmente, o que provoca o acúmulo nos tecidos. Quando ingerido, no trato digestivo pode ser reduzido a nitrito (NO2-), que entrando na corrente sangüínea oxida o ferro da hemoglobina, produzindo a metahe­moglobina. Esta forma de hemoglobina é incapaz de transportar o O2 para a respiração normal das células dos tecidos causando a chamada metahemoglobinemia. Outro problema é que parte do nitrito pode acabar combinando com as aminas formando nitro­saminas, as quais são cancerígenas e mutagênicas (FAVARO et al., 2007).
Estudos realizados por FAVARO et al., 2007 e LOPES et al., 2003 compararam o valor nutricional do alface e aparência deste alimento entre diferentes sistemas de cultivos: hidropônico, convencional e orgânico. Os sistemas de cultivo hidropônico e convencional proporcionaram alfaces com teores similares de nitrato, os quais foram superiores ao obtido no sistema orgânico. As alfaces produzidas pelo sistema orgânico e convencional apresentaram uma contaminação maior de bactérias aeróbias mesófilas em relação às hidropônicas. O sistema orgânico propiciou um maior teor de fibras e umidade que os demais. Os sistemas de cultivo não influenciaram na concentração de vitamina C, no sabor e na aceitação global das amostras anali­sadas. O sistema orgânico gerou alfaces com uma menor aceitação quanto à aparência e textura.
Contudo, um estudo de ARIAS et al (2000) contradiz o estudo de FAVARO, pois os autores notaram uma diferença signicativa no teor de licopeno e betacaroteno em tomates cultivados de forma convencional e hidropônica. Os tomates cultivados da forma convencional apresentaram um teor mais elevado de licopeno e betacaroteno do que os cultivados em hidroponia (ARIAS R. et al., 2000).
Um outro estudo, realizado por PREMUZIC et al (1998), verificou que tomates produzidos no sistema orgânico continham significantemente mais cálcio e vitamina C e menos ferro, em comparação ao tomate cultivado no sistema hidropônico. O teor de fósforo e potássio não diferiu entre os frutos de substratos orgânicos e hidropônico (PREMUZIC, Z et al., 1998).
Portanto, há necessidade de mais estudos na área, ainda pouco explorada, e o aperfeiçoamento dos métodos de comparação aliado a um maior controle das variáveis que possam influenciar na qualidade sensorial.
Na hora das compras, para garantia de um produto de qualidade, o consumidor deve observar se a embalagem traz o selo de garantia de sua qualidade, ou seja, o selo que comprova a sua pureza em relação aos resíduos tóxicos (EMBRAPA).


Referências Bibliográficas
Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária ( Ministério da Agricultura, Peciária e Abastecimento). Disponível em:  http://www.cpatc.embrapa.br/index.php?idpagina=artigos&artigo=328
FAVARO, C. S., MARTELLO, L. S., MARCATTI, B. et al. Efeito dos Sistemas de Cultivo Orgânico, hidropônico e Convencional na Qualidade de Alaface Lisa. Brazilian Journal of Food Technology, v. 10, n.2, p.111-115, abr./jun. 2007.
LOPES, M. C., FREIER, M., MATTE, J. D., et al. Acúmulo de nutrientes por cultivares de alface em cultivo hidropônico no inverno. Horticultura Brasielira, Brasília, v.21, n.2, p. 211-215, abr./jun. 2003.
ARIAS, R., LEE, T. C., SPECCA, D., JANES, H. Quality comparison of hydroponic tomatoes (Lycopersicon esculentum) ripened on and off vine. Journal of  Food Science, p. 545-548, apr. 2000.
PREMUZIC, Z., BARGIELA, M., GARCIA, A.  IORIO, A. Calcium, iron, potassium, phosphorus and vitamin C content of organic and hydroponic tomatoes. The American Society for Horticultural Science,  v. 33,  p. 255-257. Apr 1998.




CORREÇÃO DO SOLO

A fertilidade do solo é parte da ciência do solo que estuda a capacidade em suprir (ter e fornecer) nutrientes às plantas. Ela estuda quais os elementos essenciais, como, quando e quanto eles podem interagir com o vegetal; o que limita sua disponibilidade e como corrigir deficiências e excessos. Cada nutriente é estudado profundamente para entender melhor as transformações, a mobilidade e a “disponibilidade” de cada um às plantas.
O que é correção do solo?



Acidez  - É o processo de eliminação de alumínio livre (Al+3) e redução de hidrogênio livre (H+) da 
solução  do  solo.  Esses  elementos  diminuem  a  disponibilidade  de  nutrientes  para  a  planta, 
reduzindo sua produção. 
Concentração de fósforo  - É o processo de elevação do teor de fósforo a níveis mínimos para que 
haja boa produção. Dentro das áreas ácidas e inférteis da América Tropical, 96% tem deficiência 
de fósforo. 
Concentração de potássio - É o processo de elevação do teor de potássio a níveis mínimos para 
que  haja  boa  produção.  Dentro  das  áreas  ácidas  e  inférteis  da  América  Tropical,  77%  tem 
deficiência de potássio.
Como é feito a correção do solo?

Acidez - Através da incorporação profunda de calcário.
Concentração de fósforo - Através da incorporação profunda de fontes de fósforo, como 
fosfato de rocha ou termofosfatos.
Concentração de potássio - Através da incorporação rasa de fontes de potássio, como cinzas 
ou sulfato de potássio de origem natural.
Por que fazer a correção do solo?

Acidez - É  necessário reduzir a acidez do solo para deixar os nutrientes prontos para absorção. Um 
valor de pH abaixo de 5,5 ou acima de 8,0 reduz drasticamente a chance da planta em absorver 
nutrientes.
Concentração de fósforo - Fornecer o nutriente fósforo em quantidade suficiente para que haja 
uma boa produção.
Concentração de potássio - Fornecer o nutriente potássio em quantidade suficiente para que haja 
uma boa produção.





quarta-feira, 4 de abril de 2012

A MICROBIOLOGIA DO SOLO

     Toda vida terrestre baseia-se no fato de que a planta verde é capaz de formar açúcares, amidos, proteínas e gorduras a partir de água, gás carbônico e minerais em presença de luz. Essas substância servem de alimentos aos animais e ao homem. Mas se não houvesse a destruição posterior dessas sustâncias vegetais e animais, montes de plantas e animais mortos cobririam a Terra e atulhariam os mares, terminando com toda a possibilidade da vida continuar.
Para que o que está morto seja removido e o mundo permaneça tão limpo como no primeiro dia, existem os microrganismos que decompõem as substâncias orgânicas em seus componentes básicos: água, gás carbônico e minerais. Somente a energia não volta mais a ser luz, mas perde-se no espaço em forma de calor.
     Os microrganismos existem em quantidades incrivelmente grandes. Em uma colher de chá de terra encontraremos de 100 a 200 milhões de micróbios. Perfazem somente 0,05% do solo e pesam aproximadamente 1,6 t/ha a 5,7 t/ha, considerando-se um total de 3000 t de terra agrícola por hectare. Compensam seu tamanho não somente pelo número, mas principalmente pela rapidez de sua reprodução. Levam de 30 minutos a 2 horas para criar uma nova geração, de modo que em um dia podem gerar de 12 a 48 gerações, o que equivale em termos humanos, a 3 a 12 séculos. A velocidade de multiplicação depende, em parte, da espécie, mas principalmente das condições do meio em que vivem.
     Quando encontram um meio adequado, com os alimentos que lhe agradam, os esporos ou as células, trazidos pelo vento, começam a proliferar. Excretam enzimas e digerem seu alimento fora da célula. Somente quando as  substâncias foram digeridas e dissolvidas, podem absorvê-las através da membrana finíssima que os separa do meio ambiente. A maioria das bactéria possui somente uma, no máximo três, enzimas. Fungos e actinomicetos podem possuir mais. Por isso, as bactérias são forçadas a trabalhar em equipe, como os operários numa linha de montagem. Com cada enzima consegue-se catalisar somente um único processo bioquímico de decomposição, e que consiste em juntar um íon de oxigênio(oxidação) ou subtrair um íon de hidrogênio da ligação de duas moléculas orgânicas. Toda decomposição é uma sequência   
de oxidações e reduções de uma substância orgânica em água e gás carbônico.
      Como os microrganismos necessitam digerir sua alimentação fora de seu "corpo", para poder absorvê- la excretam suas enzimas no solo. Mesmo a fixação de azoto atmosférico é somente um recurso para absorver nitrogênio necessários à decomposição de álcoois e ácidos orgânicos e a formação temporária de proteína celular. Portanto o solo esta cheio de cheio de enzimas como catalases, ureases, celubiases, peptases, etc., que oxidam e hidrolisam a matéria orgânica em toda as suas formas, a fim de prepará-la como alimento para esta ou aquela espécies de micro seres. Falamos pois do "potencial enzimático" do solo como expressão de sua atividade microrgânica, o que é muito mais correto do que a contagem de germes, uma vez que em meio    
nutritivo nasce tudo, mesmo os germes inativos do solo.
    Não somente as plantas podem aproveitar os produtos intermediários da decomposição, mas, igualmente, outros microrganismos competem por eles. Assim os microseres defendem seu alimento e seu espaço vital por meio de toxinas, os tão conhecidos antibióticos. Estes antibióticos são tóxicos para determinados organismos, isto é, para os que possuem hábitos alimentares parecidos. Para outros são inofensivos e podem até ser utilizados como alimento. Há organismos que podem inativar os antibióticos por meio de suas substâncias "desintoxicantes", que provavelmente os oxidam e com isso os desdobram em substâncias inofensivas. E, para que as bactérias de mantenham ativa, existem as amebas que as "pastam". Porém devoram somente as velhas, fracas e doentes, cuja atividade enzimática diminuiu.
Azotobacter is Gram negative bacteria

      Como somente uma finíssima película separa o microrganismo do meio ambiente, e muitos processos vitais ocorrem fora de seu "corpo'' as substâncias excretadas no solo exercem influencia muito forte sobre outros microrganismo ali existentes. Assim eles podem beneficiar-se mutuamente(sinergismo)como, por exemplo, a ameba Colpodia steinii e a bactéria Arthrobacter, ou o fixador de nitrogênio atmosférico Azotobacter chroococcum. Eles podem ser indiferentes uns aos outros, ou podem ser seriamente prejudicados pela presença de outros(antagonismo)como o Azotobacter pela presença de fungos da espécie Penicillium. Mas, o Azotobacter , por sua vez ativa o Bac. megatherium e suprime o fungo Aspergillus niger.
         A quantidade de enzimas no solo seria incontrolável se não existisse um equilíbrio delicado entre elas e a fase coloidal do solo, podendo os colóides ser tanto de origem mineral.(argila) ou orgânica.(húmus).


O MANEJO ECOLÓGICO DO SOLO


      O colóide pode absorver a enzima, ativando-a ou inativando-a através dos íons absorvidos em sua superfície. Sabemos que íons metálicos se ligam como constituintes ou ativadores aos grupos prostéticos da enzima, sendo que enzima alguma pode reagir sem um íon metálico que lhe seja específico.
Muitas toxina e muitas enzimas podem ser tiradas de circulação, simplesmente através da absorção do complexo coloidal. As enzimas necessitam não somente de uma temperatura específica à sua atividade, que para a maioria das bactérias do solo se situa entre 25° e 32°.C, mas dependem especialmente de uma faixa muito estreita de pH ótimo em que atinge a maior velocidade de reação. Fora destes pH os processos químicos ocorrem muito lentamente. Portanto podem existir as bactérias e as enzimas no solo, mas se o pH for inadequado, são praticamente inativas.


                                                Curva do efeito do pH na atividade enzimática.



       A maneira mais fácil de influir sobre os microrganismos do solo é através da modificação do pH, que se consegue pela calagem, adubação mineral e adubação orgânica. Mas modifica-se a microflora igualmente pela modificação das excreções radiculares(adubação e rotação de culturas) que tanto influem de modo direto sobre as bactérias, como de modo indireto por modificarem as excreções no solo e com isso o substrato 'receptor' das enzimas. 



Fonte: 

MANEJO ECOLOGICO DO SOLO: AGRICULTURA EM REGIOES TROPICAIS

 Por Ana Primavesi