quarta-feira, 4 de abril de 2012

A MICROBIOLOGIA DO SOLO

     Toda vida terrestre baseia-se no fato de que a planta verde é capaz de formar açúcares, amidos, proteínas e gorduras a partir de água, gás carbônico e minerais em presença de luz. Essas substância servem de alimentos aos animais e ao homem. Mas se não houvesse a destruição posterior dessas sustâncias vegetais e animais, montes de plantas e animais mortos cobririam a Terra e atulhariam os mares, terminando com toda a possibilidade da vida continuar.
Para que o que está morto seja removido e o mundo permaneça tão limpo como no primeiro dia, existem os microrganismos que decompõem as substâncias orgânicas em seus componentes básicos: água, gás carbônico e minerais. Somente a energia não volta mais a ser luz, mas perde-se no espaço em forma de calor.
     Os microrganismos existem em quantidades incrivelmente grandes. Em uma colher de chá de terra encontraremos de 100 a 200 milhões de micróbios. Perfazem somente 0,05% do solo e pesam aproximadamente 1,6 t/ha a 5,7 t/ha, considerando-se um total de 3000 t de terra agrícola por hectare. Compensam seu tamanho não somente pelo número, mas principalmente pela rapidez de sua reprodução. Levam de 30 minutos a 2 horas para criar uma nova geração, de modo que em um dia podem gerar de 12 a 48 gerações, o que equivale em termos humanos, a 3 a 12 séculos. A velocidade de multiplicação depende, em parte, da espécie, mas principalmente das condições do meio em que vivem.
     Quando encontram um meio adequado, com os alimentos que lhe agradam, os esporos ou as células, trazidos pelo vento, começam a proliferar. Excretam enzimas e digerem seu alimento fora da célula. Somente quando as  substâncias foram digeridas e dissolvidas, podem absorvê-las através da membrana finíssima que os separa do meio ambiente. A maioria das bactéria possui somente uma, no máximo três, enzimas. Fungos e actinomicetos podem possuir mais. Por isso, as bactérias são forçadas a trabalhar em equipe, como os operários numa linha de montagem. Com cada enzima consegue-se catalisar somente um único processo bioquímico de decomposição, e que consiste em juntar um íon de oxigênio(oxidação) ou subtrair um íon de hidrogênio da ligação de duas moléculas orgânicas. Toda decomposição é uma sequência   
de oxidações e reduções de uma substância orgânica em água e gás carbônico.
      Como os microrganismos necessitam digerir sua alimentação fora de seu "corpo", para poder absorvê- la excretam suas enzimas no solo. Mesmo a fixação de azoto atmosférico é somente um recurso para absorver nitrogênio necessários à decomposição de álcoois e ácidos orgânicos e a formação temporária de proteína celular. Portanto o solo esta cheio de cheio de enzimas como catalases, ureases, celubiases, peptases, etc., que oxidam e hidrolisam a matéria orgânica em toda as suas formas, a fim de prepará-la como alimento para esta ou aquela espécies de micro seres. Falamos pois do "potencial enzimático" do solo como expressão de sua atividade microrgânica, o que é muito mais correto do que a contagem de germes, uma vez que em meio    
nutritivo nasce tudo, mesmo os germes inativos do solo.
    Não somente as plantas podem aproveitar os produtos intermediários da decomposição, mas, igualmente, outros microrganismos competem por eles. Assim os microseres defendem seu alimento e seu espaço vital por meio de toxinas, os tão conhecidos antibióticos. Estes antibióticos são tóxicos para determinados organismos, isto é, para os que possuem hábitos alimentares parecidos. Para outros são inofensivos e podem até ser utilizados como alimento. Há organismos que podem inativar os antibióticos por meio de suas substâncias "desintoxicantes", que provavelmente os oxidam e com isso os desdobram em substâncias inofensivas. E, para que as bactérias de mantenham ativa, existem as amebas que as "pastam". Porém devoram somente as velhas, fracas e doentes, cuja atividade enzimática diminuiu.
Azotobacter is Gram negative bacteria

      Como somente uma finíssima película separa o microrganismo do meio ambiente, e muitos processos vitais ocorrem fora de seu "corpo'' as substâncias excretadas no solo exercem influencia muito forte sobre outros microrganismo ali existentes. Assim eles podem beneficiar-se mutuamente(sinergismo)como, por exemplo, a ameba Colpodia steinii e a bactéria Arthrobacter, ou o fixador de nitrogênio atmosférico Azotobacter chroococcum. Eles podem ser indiferentes uns aos outros, ou podem ser seriamente prejudicados pela presença de outros(antagonismo)como o Azotobacter pela presença de fungos da espécie Penicillium. Mas, o Azotobacter , por sua vez ativa o Bac. megatherium e suprime o fungo Aspergillus niger.
         A quantidade de enzimas no solo seria incontrolável se não existisse um equilíbrio delicado entre elas e a fase coloidal do solo, podendo os colóides ser tanto de origem mineral.(argila) ou orgânica.(húmus).


O MANEJO ECOLÓGICO DO SOLO


      O colóide pode absorver a enzima, ativando-a ou inativando-a através dos íons absorvidos em sua superfície. Sabemos que íons metálicos se ligam como constituintes ou ativadores aos grupos prostéticos da enzima, sendo que enzima alguma pode reagir sem um íon metálico que lhe seja específico.
Muitas toxina e muitas enzimas podem ser tiradas de circulação, simplesmente através da absorção do complexo coloidal. As enzimas necessitam não somente de uma temperatura específica à sua atividade, que para a maioria das bactérias do solo se situa entre 25° e 32°.C, mas dependem especialmente de uma faixa muito estreita de pH ótimo em que atinge a maior velocidade de reação. Fora destes pH os processos químicos ocorrem muito lentamente. Portanto podem existir as bactérias e as enzimas no solo, mas se o pH for inadequado, são praticamente inativas.


                                                Curva do efeito do pH na atividade enzimática.



       A maneira mais fácil de influir sobre os microrganismos do solo é através da modificação do pH, que se consegue pela calagem, adubação mineral e adubação orgânica. Mas modifica-se a microflora igualmente pela modificação das excreções radiculares(adubação e rotação de culturas) que tanto influem de modo direto sobre as bactérias, como de modo indireto por modificarem as excreções no solo e com isso o substrato 'receptor' das enzimas. 



Fonte: 

MANEJO ECOLOGICO DO SOLO: AGRICULTURA EM REGIOES TROPICAIS

 Por Ana Primavesi

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